Vivemos tempos em que o silêncio se impõe. O que adianta explicar a um esfomeado que não pode comer porque não há dinheiro para lhe pagar a refeição? Ou como consolar um ex cidadão de classe média que tinha tudo e que hoje conta os trocos para poder alimentar-se? É perda de tempo, por mais racionais que sejam os argumentos eles não são entendidos ou aceites.
Gaspar tem uma sequência vocal peculiar. Há quem encontre cinismo, ou autismo ou mesmo provocação no modo de expressão oral do Ministro. Ora, num tempo em que o silêncio se impõe, falar de forma excêntrica é uma excelente maneira de perder a cara.
Gaspar tem tudo para se queimar ainda mais rápido que Cadilhe.
Ciente destes seus obstáculos, defende-se. Nunca falou numa esquina pública, num corredor obscuro ou numa escadaria de mau aspecto. Fala sempre de forma institucional evitando assim parangonas desgastantes, as tais que vão queimando em lume brando o 1º Ministro. Portas com a sua experiência, sabe bem disso e está confortável no seu canto.
Mas o economista cometeu o erro, não se sabe bem porquê, de insistir em elaborar previsões baseado em folhas de cálculo de gabinete. E garantiu infalibilidade académica a um exercício que, retirando alguma complexidade, tem tanto de infalível com as previsões da astrologia. Gaspar deveria ter dito que em tempo de bancarrota não se fazem previsões, apenas se espera pelo melhor.
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