segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Sardinha para 3; Cavalo para 20?


Autor: Nicolau Santos 

Este ano já foram abatidos em Portugal 2803 cavalos da raça puro sangue lusitano. Não foram abatidos por doença, mas porque os seus criadores não conseguem vendê-los e também começam a não ter meios para os alimentar. Por isso, entre vê-los morrer à fome ou dar-lhes uma morte condigna, os criadores optam pela segunda via.

O abate de cavalos de sangue lusitano é uma metáfora para o país. Estamos já a entrar na fase de começar a sacrificar os que nos estão mais próximos: animais de companhia, de estimação ou de criação - o que vai a par com o crescente aumento do número de idosos que são deixados nos hospitais pelas famílias ou de crianças abandonadas à porta de instituições de caridade ou dos sem-abrigo que começam a proliferar nas cidades.

Estamos a evoluir da vida minimamente confortável para a pobreza e da pobreza para a indigência. Estamos a ver o Estado passar do seu papel de prestador de apoios sociais para o assistencialismo. E estamos a assistir à emergência da caridade em detrimento dos direitos dos cidadãos que supunham viver num Estado de pleno direito.

O próximo ano será o da morte da economia. E, como escreveu Pacheco Pereira, do não retorno para milhares de famílias, que estão a ver o seu rendimento cair drasticamente ou a ser lançadas no desemprego e que nunca mais conseguirão voltar a ter os padrões de vida que usufruíam até há muito pouco tempo ou mesmo a conseguir um emprego, por precário que seja.

Se já chegámos ao ponto de abater cavalos puro sangue lusitano, temos de nos preparar para o tsunami social que vai devastar o país em 2013. Será o ano da total desesperança, do desespero, da impotência - mas também da indignação e da revolta. Construir algo a partir deste quadro vai demorar décadas. 


Nossa resposta:

Total demagogia! Este texto é inacreditável!

O Sr. Nicolau está a transformar um acto racional de redução de custos de famílias que viviam bem, mas que agora têm de se ajustar à crise que vivemos.

Claro que é lamentável o abate de cavalos, mas isso sempre se fez, só que agora aumentou e o articulista quer transformar isso numa tragédia de cordel em que as famílias esfomeadas se dirigem ao matadouro com os cavalinhos magros para obter algum provento, enquanto neva e faz frio na rua. 

O senhor está-se a transformar no relator melodramático dos tempos de miséria que vivemos. Como seria a sua prosa no tempo da sardinha para 3?

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