domingo, 11 de novembro de 2012

Sem título não é nada...


Autoria de Ana Campos
A história do ensino superior em Portugal começa com a Universidade de Coimbra em 1290 e era restrito apenas àqueles que tinham condições económicas e sociais. Actualmente está completamente democratizado - e ainda bem - sendo praticamente obrigatório, a nível da sociedade, para qualquer jovem tirar um curso superior. Perdeu-se o sentido de "para quê tirar um determinado curso" porque antes de tudo é valorizado "ter um curso, qualquer um, desde que seja um curso superior". Quantos alunos escolhem um curso irresponsavelmente, segundo a média de acesso que têm ou porque foi aquilo que lhes aconselharam escolher pois ainda não descobriram a sua vocação?! Em Portugal, os jovens são atirados para um curso superior unicamente com o objectivo de terem um, depois logo se vê, independentemente se gostam dele e/ou se têm perspectivas de emprego. Em alguns países há a cultura dos jovens pararem um ano para viajarem ou trabalharem, onde têm tempo para reflectir e conhecer um pouco mais da vida, antes de optarem por um curso superior. Quantos jovens do nosso país, depois de terminarem os seus cursos, se sentem apaixonados pela sua profissão ou exercem exactamente aquilo para que estudaram? Quantos evitam procurar aquilo que os apaixona, mesmo que seja outra profissão completamente diferente, ou procuram emprego noutra área devido ao desemprego, porque se sentem presos ao curso e para eles seria humilhante entregarem-se a qualquer outro cenário? A culpa não é deles, é da sociedade que os formatou assim.

Depois há a questão do título... Ai o título, tão venerado em Portugal! Brincamos todos aos títulos, o que interessa é ter um mesmo que na prática não signifique nada, mesmo que detestemos aquilo que fazemos, mesmo que estejamos no desemprego, mesmo que não seja merecido. Ai de quem, em Portugal, não trate por doutor ou mestre um mero licenciado. É no mínimo fulminado com o olhar!

Se calhar é por isto, por esta importância em demasia que se dá a um curso superior, que existem métodos paralelos para os ter. Talvez seja por isso também que causa mais indignação que aquela ou a outra pessoa tenham um determinado curso que não fizeram realmente do que a mentira, a corrupção das próprias instituições que se prestam a isso. O que será mais grave, uma pessoa ter um título que não merece ou toda a situação desprovida de qualquer ética? Será que o Homem vale menos sem um curso ou será que um curso consegue valorizar qualquer Homem?



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