Cavaco: "Faltam-me algumas qualidades dos políticos. A intriga cansa-me"
Além de lembrar a sua entrada na política, Cavaco Silva fala do seu tempo como primeiro-ministro numa longa entrevista concedida ao Expresso, a propósito dos 40 anos que o semanário agora completa.
Corre o boato, certamente criado pelos tais intriguistas citados pelo Presidente, de que Cavaco não gosta do Orçamento pois ataca fortemente quem aufere maiores pensões, pagas, note-se, pelo arruinado Estado Português.
A grande fatia das despesas públicas são ordenados, pensões e subsídios, além da monstruosa fatia de juros da divida pública. Mas Cavaco não gosta de reduções nesta área (a única onde se pode mesmo diminuir o deficit) e pede a fiscalização aos juízes do Tribunal Constitucional. Pode ser que eles resolvam o problema e não se reduzam os proventos de quem ganha mais.
Ninguém quer reduzir a despesa pública, especialmente se essa redução mexer nos seus bolsos; mas também ninguém quer assumir a responsabilidade e se opor a isso frontalmente. Sendo assim, a Constituição e o Tribunal Constitucional são pau para toda a obra na defesa dos privilégios insustentáveis das elites reformadas - são elas que estão na linha da frente de combate ao Governo e à austeridade.
O Tribunal Constitucional deveria fazer um manguito a esta gente e, em vez de analisar a justiça dos cortes nas reformas, deveria, em primeiro lugar, analisar a justiça das reformas de privilégio.
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