Realmente a vida de alguém que não é académico e atinge cargos relevantes em que tem de mandar em académicos é um autêntico inferno em Portugal.
Pode ser o maior gestor do País, pode ser honesto, competente, activo. Pode esforçar-se por fazer o bem e trabalhar o dobro dos restantes que ninguém lhe reconhece o mérito.
Ainda há dias Jerónimo de Sousa fez um bom discurso e um académico deu-lhe os parabéns e perguntou-lhe quem lhe tinha escrito aquilo. Jerónimo, que também sente na pele a falta de crivo da faculdade, contou isto com mágoa.
E o mais curioso é que o ódio mais inflamado e mais histérico contra os não académicos que atingem cargos relevantes provém dos mais baixos estratos culturais da sociedade. Quanto mais ignorante e menos estudos tiver um cidadão mais bajula o académico e despreza do fundo do seu ser o não académico que se destaca dos restantes.
O ódio que muitos têm a Relvas deriva desta nossa característica. Povo iletrado, ignorante, violento, agressivo e obcecado por títulos académicos. Só as pessoas superiores conseguem de facto passar a cortina desta obsessão e ver se um homem ou mulher é competente e honesto ou não, para lá de ser académico.
O método que Relvas usou para se licenciar é uma vigarice e foi um erro ele ter aceite. Mas será motivo para uma campanha nacional de ódio e perseguição como a que temos assistido? Quem for superior consegue ver para lá de toda esta demagogia e avaliar o homem pelo que é e fez e não pelo que representa. É difícil, mas com algum esforço individual é possível.
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